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quinta-feira, 22 de maio de 2014

'Precisamos de um upgrade nas unidades profissionalizantes'

ENTREVISTA

Elisabeth Fernandes
- Coordenadora do Cati

Elisabeth: "Precisamos de um upgrade nas unidades profissionalizantes"

Cada vez mais em voga nos debates, a inclusão social e profissionalizante das pessoas com deficiência teve importantes avanços, mas ainda há muito a ser feito, tornando necessária a criação de novos centros de reabilitação para esse público. A opinião é de Elisabeth Fernandes, coordenadora do Cati (o centro de autismo da Apraespi), que falou da importância da família para maximizar a inserção de deficientes nos ambientes sociais. 

Recentemente saiu numa pesquisa que 3 mil empresas no ABC não cumprem a lei que determina o preenchimento de 5% do quadro de funcionários com pessoas com deficiência. A inclusão profissionalizante teve importantes avanços nos últimos anos, mas ainda há muito a ser feito?
Elisabeth Fernandes - A inclusão profissionalizante teve enormes avanços aqui na região do ABC. Por exemplo, na Apraespi, desde que foi criado o Copar, há 30 anos, mais de mil jovens saíram de lá capacitados e com emprego. É hora de pensarmos em aprimorar e ampliar esses trabalhos que deram certo. O governo precisa criar ainda mais cursos e parcerias com os centros profissionalizantes para surgirem novas opções de capacitação, além de melhorar as que já existem. Então, o resultado dessa pesquisa mostra que precisamos de um upgrade nas unidades educacionais profissionalizantes, como é o caso da Apraespi. São ótimas e funcionam muito bem!

Esses avanços têm muito a ver com a questão cultural da inclusão do deficiente nos ambientes sociais: família, escola, ambientes de lazer e círculos de amizade. Essa ideia é bastante trabalhada na Apraespi, não?
Elisabeth Fernandes - Com certeza, no Cati nós preparamos as crianças para estarem integradas socialmente. Isso facilita muito na hora da inserção no mercado de trabalho, afinal elas já estarão acostumadas com as dificuldades do convívio social e superarão isso. 

 A interação com a família faz toda a diferença, realmente. A Apraespi entende a função da família para tal finalidade e investe bastante nisso.
Elisabeth Fernandes – A Apraespi enxerga na família um papel imprescindível para a reabilitação. Por isso investimos em tantos projetos nesse sentido. Temos uma unidade chamada Espaço Família, onde as mães e pais de alunos, aprendizes e pacientes com deficiência passam o dia frequentando cursos e recebendo instruções para agir da maneira adequada com o filho com deficiência. Tem muita mãe, muito pai que não sabe como lidar com o filho. Além disso, a Apraespi conta com uma equipe de assistentes sociais que vai diretamente na casa das famílias atendidas para acompanhar e até maximizar os resultados do nosso atendimento. Acompanhamos tanto família que estão sendo atendidas quanto aquelas que buscam vagas. Resumindo: o jovem com deficiência precisa da família justamente para se tornar independente dela.

E a questão da inclusão do deficiente na rede pública de ensino? Até que ponto é possível pensarmos nisso?

Elisabeth Fernandes – A inclusão do deficiente nas escolas públicas é importante? É claro que sim, sem dúvidas. A Apraespi trabalha por isso sempre que possível. Agora, precisamos repetir o mantra: “Não à inclusão radical”. Não podemos ser radicais. Temos de buscar o equilíbrio sempre. Então não podemos apoiar incluir uma criança que usa cadeira de rodas numa escola sem rampas. Não podemos apoiar a inclusão de uma criança autista numa escola onde os professores não sabem lidar com esse perfil de aluno. E é isso que, infelizmente, alguns pontos da Conferência Nacional de Educação não olha com a devida atenção. Precisamos ter escolas tão boas quanto a Apraespi para preparar os alunos com deficiência para a inclusão na rede pública de ensino e para receber de volta aqueles que não conseguem se adaptar. Você pai, você mãe, diga não à inclusão radical! 


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